Sunday, December 07, 2008
Sunday, November 30, 2008
Wednesday, November 26, 2008
Tuesday, November 25, 2008
Estava deitado na rede como num descanso pós-orgasmático, observando as ramas do maracujazeiro a frente, observando suas distorções e contrações em busca de algo para se pegar. Grandes abelhas negras voavam por ali em busca de seu sulco floral, extase. Como zunem e voam destrambelhadas as abelhas negras, mamangavas. Pouco se via do céu ainda azul. Eram florais, mamangavas e distorções. Num lapso subi; a rede não badalava e o zonido não soonava. Distorci assim numa tarde de domingo, ao descanso do cansasso escasso. Deveras vezes me intrigo distorcido, onde florais vamos parar? Mamangava.
Saturday, November 08, 2008
Vamos ver. Vamos rever. Onde estavamos mesmo?
Lembro de você me querendo quando eu não te via.
Depois eu te querendo quando você não me queria.
Logo há amizade. Há mais?
Sei que entre esses pontos há tempo. Casos. Finais.
E nesses casos a tempos há sinais. Casuais.
Sexuais.
Logo há mais?
Me nua, minha meia lua.
Se nuar-me agora
Nesse momento lua
Entrego a ti, aurora
A verdade crua.
Tua lingua saliva
Traça no desejo o olhar
Tua lingua em si nua
A tormenta meu mar.
Ensinua
Lua minha lua,
Meia nua na cama
Chama. meia chama.
suo suas sua suamos suais suam
somosumsósomsexual
somossósexo
somosssss
Chama.
Monday, November 03, 2008
Wednesday, October 29, 2008
Reflexão.
- Eu? Eu quem?
- Eu, você.
- Eu? A quem?
- A você.
E continuo a fitar hipnótico, procurando ainda no fundo dos olhos gigantescos o autor. Perdido penso em parar a conversa. Não posso. Eu quero mais.
- Mais quem?
- Eu, todos eles.
Saturday, October 25, 2008
Monday, October 06, 2008
Escutou com calma o que ela tinha a dizer, não sabia o que pensar e tão pouco gostaria pensar algo. Era como um padre em seu impessoal confessionário, fitava com firmeza seu soluço e temia não se conter, temia deixar lavar-se pelas lagrimas daquele passado. Ao que discorria suas momentâneas verdades ele se recordava das momentâneas mentiras e lamentava o sentimento que por si só aflorava em silencio, apesar de negar o podia prever. Eram mundos imundos de passados que não passaram, os quais retidos nas retinas denunciavam a dor, a mesma dor que os fazia se fitar com tanto afeto. Estavam sentados na sua cama de solteiro, num quarto bem diferente daquele que havia consentido tantas horas a fio de secretos amores incondicionais. Mas a condição havia mudado. O quarto havia sido limpado e a chuva já não era tão nostálgica como fora as lagrimas. Fitava com olhar perdido os raios de sol que atravessavam as fendas da janela, eles se cruzavam e formavam um desenho diferente no teto do quarto, com variações infinitas de combinações luminosas. Sorriu no fundo da alma e deixou transparecer no canto da boca. Ela parou de falar e o olhou com severidade, queria descobrir o que pensava naquele exato momento, naquele exato olhar, naquele exato sorriso. Era um olhar invasivo e desesperado, possessivo por instinto. Logo ele se voltou a ela e percebeu que ela não tinha notado a mudança no quarto, muito menos as luzes que cruzavam a janela como num caleidoscópio. Eles se fizeram silenciar. Alguns suspiros depois disse: “Foi um prazer...”
Tuesday, September 30, 2008
Thursday, September 18, 2008
É de grande intriga
Toda essa personalidade,
Toda essa inconstância,
Essa coisa feminina.
São químicos.
Químico físicos.
Alucinógenos.
Está no sangue,
Nos músculos,
Na carne,
No cheiro,
No cabelo,
Belo cabelo.
Arrepiam todos
Excitados os pelos
Com os tais, químicos
Físicos sanguíneos
Alucinógenos.
É lindo, exótico
O cabelo, o cheiro
A carne fascinante,
O sentimento errante
Que erra e chora, ante
A dor lascinante
Da alucinada
Viagem, que é
Ser amante.
Tuesday, September 16, 2008
Um senhor por volta dos 70 anos que vivia em meu prédio, no apartamento ao lado. Certo dia sua única filha me notificou sua morte, coisa que me deixou deveras triste já que compartilhávamos de tardes de xadrez aos domingos. No testamento um pedido: “Cuide do meu tesouro.”
Assim conheci minha mulher.
Thursday, September 11, 2008
Foi em 43 que Vinicius escreveu e descreveu a pizzada que esse pais promoveu e promove, data que eu, coitado, nem pensava em nascer. Melhor ainda, mamãe só foi nascer em 47, quatro anos depois. Mesmo assim não posso deixar de fazer um pequeno adendo (inútil) a essa critica a nós mesmos, leitores comodistas.
Vinicius como bom carioca devia conhecer bem os prazeres de ser brasileiro, principalmente por viajar tanto e sempre acabar voltando a vossa pátria tão amada. E sobre a publicidade que essa tem no exterior, que fique assim, gosto que nossas mulheres sejam vistas como neo amazonas, buscando sua guerra, na cama. Mentira?
Tão pouco posso completar de forma impessoal essa critica, sendo eu um verdadeiro comodista. Talvez por que não vejo mal no comodismo em si, o comodismo existencialista para falar a verdade. O existencialista tem em seu comodismo toda uma nostalgia que alimenta mais ainda seu comodismo, enquanto o comodista a quem faço a critica é um verdadeiro parasita. Esse não é tão comodista quanto o existencialista que passa seus dias de sol pingando cera quente no bico do peito esquerdo, ele é pior. Seu comodismo é pura vaidade, só o é quando lhe convém. Calcula friamente esforço/retorno direto, sugando da sociedade tudo aquilo que lhe é de interesse e deixando o "resto" aos corvos. Deixa seu comodismo para conseguir aquele cargo, ou aquele dinheirinho, mas nunca o deixaria por uma razão social.
Veja que se os preços do cinema subiram (cerca de R$ 12,00 hoje) eu não faria nenhuma "safarrascada", pelo contrario, sempre paguei calado, e não faria, nem por mim nem por ninguém, caso por algo tão efêmero.
Tuesday, September 09, 2008
Sabedoria
A sabedoria eh silenciosa,
O sabio sopra a palavra,
A palavra soa o canto,
No canto o pranto,
Do sentido ser.
Nao eh santo nem tem encanto,
Eh um humilde pranto do sabio sabedor.
O pensador pensou que sabia,
E o sabio lhe ensinou,
Pensar eh buscar,
Saber eh ensinar.
O pensador,
Num momento sabio sentiu,
Soar seu ser silencioso,
Sua dor, solidao
Silencio pensador.
Wednesday, September 03, 2008
há um passo
o qual nunca passo.
posso dizer, pedra
partindo o coração
Pantano.
pois para o passo
preciso dizer, pedra!
pois digo, sim;
pois posso
passar...
O poeta petríficado
Aqui onde o vento não chega é frio, as cores são negras e o teto baixo. O cheiro da madeira se confunde com o cheiro de mofo e o unico odor que posso sentir verdadeiramente é o de morte, decomposição. Passado um tempo aqui onde o vento não chega comecei a entender o tempo: ele inexiste. É somente uma sensação de movimento linear num plano incomensurável. Partindo dessa foi que ceguei, me vi estático, petríficado ao longo dos "anos" que não passam para mim. O giro desse globo é apenas magnetismo e o tempo é espaço, distorcido. Com o tempo todos distorcemos, ficamos velhos, enrrugados, repetitivos e teimosos. Esse é nosso espaço, nosso tempo. Distorcido.
Saturday, August 02, 2008
Tuesday, June 03, 2008
Ali estava esse corpo, mirando ao verde da natureza sem saber o que pensar. O fazia pelo simples fato de estar em silencio, pelo simples fato de nao querer usar sua mascara social. De fato nao estava a pensar muita coisa, as vezes um pensamento fulgaz vinha a sua cabeca e logo se dissipava com o vento gelado que soprava no fim daquela tarde nostalgica. Hora mirava ao horizonte, hora mirava aos ceus, hora ao chao; Sempre movendo pedrinhas ao leu. Esse corpo ja nao fazia sentido a pessoa que estava a sentir, era apenas mais um animal humano que adoecera com a vontade de ser mais, era apenas mais uma contaminacao que jamais voltaria a ter a paz. Esse momento de inspiracao o passou sem dizer uma palavra, fora apenas o silencio da solidao respirando baixo a sua atencao, contemplando a distracao que vivera por tanto tempo.
Sempre fazia sua reza antes de se cobrir e esperar a solidao chegar, esse momento sonado era tal que o fazia sentir vivo novamente, podia tocar sua musica e voltava a sentir, mesmo que por alguns instantes, o cheiro daquele prazer. Durante muitas vidas tudo se passava novamente com a perfeicao do momento, as risadas eram tao altas que chegavam a despertar, o gosto tao vermelho que podia inundar e o sorriso tao perfeito que se colocava a chorar. Ao clarear sua mente voltava a escurecer o dia e todo novamente se fazia inundar em nostalgicas correntes de ar que sopravam sarcasticamente seu mal estar. Abrir os olhos era o mesmo que se afogar, podia ainda relembrar o deleito de seus ceus, e isso o fazia querer se jogar de volta ao abismo da escuridao, que aos poucos se clareava novamente afogando-o em pura solidao. O clarear era pra ele o desespero de despertar, olhava a todos os lados tentando ainda agarrar algo que pudesse o fazer relembrar dessa vida que acabara de deixar. Eternos segundos o faziam distanciar sem nem poder se levantar, tendo que voltar a sua indiscutivel realidade, o silencio da solidao a cantar.
Em muitos locais diferentes esteve a sonhar e todos o faziam viver, respirar novamente o ar que o dopavaem insanidades irreais. Ao esfregar seus olhos com os dedos tao gelados pensava estar morto, ou ao menos por um momento desejava estar. Que podia ali fazer? Um anjo caido, deixado aos cuidados de seus pensamentos nem sempre vegetarianos, canibalizando a todo seu sistema com essa voraz vontadade de voltar, viver. Seus pecados nao lhe foram apagados e sonha acordado com a vontade de nao ser, nao crer. Para sua vida soh lhe resta caminhar, sozinho no silencioso caminho do mal estar.
Suas dores na manha fria lhe doem, mas o que lhe corroe e destroe eh apenas o fato de poder ouvir claramente nesse silencio todo seu corpo trabalhando e mantendo a dor latente de continuar a sonhar. Ao parar de pensar o sol sai e volta para dar forcas as esperancas, segue seu caminho sozinho esse homem a sonhar, despertar, chorar, levantar, pensar, respirar.