Reflexão.
Que inferno, esse espelho. Não posso ser eu mesmo na frente dele, ele me modifica, me desconstrói, me envergonha. Por vezes sinto o coração acelerar e junto a respiração. É excitante. Quando quero parar e não posso, é sufocante. Sou eu, apenas eu, ali refletido. Como posso temer tanto a mim mesmo? Como posso envergonhar-me assim diante de mim? No auge de minha subversão fito seriamente esse corpo nu, busco no fundo dos olhos negros algo; e em poucos minutos me entorpeço estranhamente. Hipnótico. Tudo se distorce, me deixo ali, abandonado de meus pensamentos. Nesse estranho momento não sou. Nesse estranho momento, estou. Reconheço o corpo ali parado, mas desconheço algo, algo que me controla os arrepios e deixa a desejar. Desejo. Eu te desejo.
- Eu? Eu quem?
- Eu, você.
- Eu? A quem?
- A você.
E continuo a fitar hipnótico, procurando ainda no fundo dos olhos gigantescos o autor. Perdido penso em parar a conversa. Não posso. Eu quero mais.
- Mais quem?
- Eu, todos eles.
5 comments:
Nossa que Busca incessante.
as vezes me privo do espelho, prefiro o sonho!
DEMAIS, meu velho!
Belo conto, belo diálogo, belo questionamento. Isso é uma busca incessante de se expandir e fugir do cubo.
Texto bom, inteligente. Vai abrindo possibilidades, surpreende.
Ótimo, Tulio.
Tô gostando disso.
prefiro vc
o seu "eu" refletido é lírico.
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