Friday, March 27, 2009

Desperto

O pensamento habitado
Por aquilo que não deve ser (lembrado)
Revisado, nunca calado.
A esperança da criança
Que quebra o nariz
Vivendo aquilo que tanto quis
A vida tão rica se faz infeliz
Viva por um triz

Nesse sonho, desenho de giz
A poeira voa com o vento
E o tempo calado me diz
Não há sonho infeliz
Nem vida sem quebrar o nariz.

Wednesday, March 25, 2009

Estação passado

O passado de hoje
Na janela do amanha
Espera.

Friday, March 13, 2009

Poesia por nada


A poesia tem gosto de maracujina
Um leve rabisco no tempo
Uma saída no que há de não haver

Alça voo nesse dia triste
Nessa hora inútil
O tempo que queira

Estar lá.

As tantas horas que já passaram
As tantas flores que já calaram
A carne apodrecida que alimenta o pássaro negro

Alça voo, alça voo.

A verdade não há de haver
E ainda estou aqui
Sem milhos, nem pombos
Numa praça esquecida talvez
Onde o rabisco é tempo
E o tempo há de não haver.

Um rabisco de quebranto
Pois o dia triste é uma alegria
E a morte é um banquete
Que alimenta a angustia
Em igual força ou mais
Seja inútil ou flor
Há de voar em ramas
Há de estar lá.