Wednesday, July 15, 2009

Cadáver Esquisito

Esse lugar que me encontro
É apenas uma condição
Onde nem mesmo as palavras ou pensamentos
Podem tomar seu corpo
Pois na simplicidade de se alimentar, tal como deve ser,
Existe a libertação acorrentada pela razão
Que infeliz somos em nosso expressar.
Com quanta apatia se faz um corrupto?
Deixei morrer aqui, no lugar que me encontro
Sem verdades, sem um pingo de emoção
Fui tomado pela miséria
Em formatos e formulas da beleza
Pompas e bromas
Apenas balbucios insossos
Solenes verbetes estranhos
Irrealidades aprisionadas
Inverdades!
Palavras, palavras...
Onde as deixei cair?
Um túmulo aberto de profanações
Odores perfeitamente reais
Desde sempre amarrados
À inconclusões, insatisfações.
Desejos...
Meus pecados, minha prisão

Joguetes de merda
Que arranham minha imaginação por pura prescrição
Arrastam meu ser ao solo
Cavam o buraco que lhes pertence
E me jogo na frente, pois só eu existo
Só eu posso me enterrar
Só eu posso envenenar minha saliva
Canibalizar minha carne
Selar corpo e alma
Em parecer tão imundo
Tão hipócrita, tão não eu.
Mas que veludo gostoso, dizem eles
Mas que belo chapéu.
Me corrompo ao mínimo elogio
À mínima exaltação caridosa.
O que calenta é profano
É desfigurado, é podridão
É merda no ventilador
Em profunda repressão
Teatro empelucado
Morto, vivo, zumbi estranho
Que corre em nosso sangue.

Esse jogo não tem dados
É xadrez sem regras
Música sem partitura
Pura interpretação.

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