Tuesday, June 03, 2008

O silencio da solidao.

Ali estava esse corpo, mirando ao verde da natureza sem saber o que pensar. O fazia pelo simples fato de estar em silencio, pelo simples fato de nao querer usar sua mascara social. De fato nao estava a pensar muita coisa, as vezes um pensamento fulgaz vinha a sua cabeca e logo se dissipava com o vento gelado que soprava no fim daquela tarde nostalgica. Hora mirava ao horizonte, hora mirava aos ceus, hora ao chao; Sempre movendo pedrinhas ao leu. Esse corpo ja nao fazia sentido a pessoa que estava a sentir, era apenas mais um animal humano que adoecera com a vontade de ser mais, era apenas mais uma contaminacao que jamais voltaria a ter a paz. Esse momento de inspiracao o passou sem dizer uma palavra, fora apenas o silencio da solidao respirando baixo a sua atencao, contemplando a distracao que vivera por tanto tempo.
Sempre fazia sua reza antes de se cobrir e esperar a solidao chegar, esse momento sonado era tal que o fazia sentir vivo novamente, podia tocar sua musica e voltava a sentir, mesmo que por alguns instantes, o cheiro daquele prazer. Durante muitas vidas tudo se passava novamente com a perfeicao do momento, as risadas eram tao altas que chegavam a despertar, o gosto tao vermelho que podia inundar e o sorriso tao perfeito que se colocava a chorar. Ao clarear sua mente voltava a escurecer o dia e todo novamente se fazia inundar em nostalgicas correntes de ar que sopravam sarcasticamente seu mal estar. Abrir os olhos era o mesmo que se afogar, podia ainda relembrar o deleito de seus ceus, e isso o fazia querer se jogar de volta ao abismo da escuridao, que aos poucos se clareava novamente afogando-o em pura solidao. O clarear era pra ele o desespero de despertar, olhava a todos os lados tentando ainda agarrar algo que pudesse o fazer relembrar dessa vida que acabara de deixar. Eternos segundos o faziam distanciar sem nem poder se levantar, tendo que voltar a sua indiscutivel realidade, o silencio da solidao a cantar.
Em muitos locais diferentes esteve a sonhar e todos o faziam viver, respirar novamente o ar que o dopavaem insanidades irreais. Ao esfregar seus olhos com os dedos tao gelados pensava estar morto, ou ao menos por um momento desejava estar. Que podia ali fazer? Um anjo caido, deixado aos cuidados de seus pensamentos nem sempre vegetarianos, canibalizando a todo seu sistema com essa voraz vontadade de voltar, viver. Seus pecados nao lhe foram apagados e sonha acordado com a vontade de nao ser, nao crer. Para sua vida soh lhe resta caminhar, sozinho no silencioso caminho do mal estar.
Suas dores na manha fria lhe doem, mas o que lhe corroe e destroe eh apenas o fato de poder ouvir claramente nesse silencio todo seu corpo trabalhando e mantendo a dor latente de continuar a sonhar. Ao parar de pensar o sol sai e volta para dar forcas as esperancas, segue seu caminho sozinho esse homem a sonhar, despertar, chorar, levantar, pensar, respirar.

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