Friday, March 13, 2009

Poesia por nada


A poesia tem gosto de maracujina
Um leve rabisco no tempo
Uma saída no que há de não haver

Alça voo nesse dia triste
Nessa hora inútil
O tempo que queira

Estar lá.

As tantas horas que já passaram
As tantas flores que já calaram
A carne apodrecida que alimenta o pássaro negro

Alça voo, alça voo.

A verdade não há de haver
E ainda estou aqui
Sem milhos, nem pombos
Numa praça esquecida talvez
Onde o rabisco é tempo
E o tempo há de não haver.

Um rabisco de quebranto
Pois o dia triste é uma alegria
E a morte é um banquete
Que alimenta a angustia
Em igual força ou mais
Seja inútil ou flor
Há de voar em ramas
Há de estar lá.

2 comments:

Victor Meira said...

Lindo, nego. Olha, gosto muito dessa. Tem versos inteligentes e versos sensíveis, num amálgama heterogêneo, bem equilibrado. As figuras são esparsas, e dificultam um pouco as amarras. Mas a variação de tempos verbais é bem gostosa, como em "O tempo que queira" - um dos meus versos prediletos da poesia.

"Sem milhos, nem pombos
Numa praça esquecida talvez"

Isso é lindo.

"Seja inútil ou flor" é ótimo, relevante.

Poesia por nada alça voo, poeta. Alça voo.

Abraço!

Que? said...

um lamento que deveria ser avisado, muitas vezes sinto oq vc sente sem saber, um tal de inconsciente, vc escreve oq eu queria entender em mim!