Monday, November 03, 2008


Voltou-se a Ele novamente, nublado de angustias desconhecidas buscava em seu exercicio algum dia poder ver melhor, se ver melhor.
uma criança morre em algum lugar do mundo

Sabia o ponto de ebulição, eram os olhos. Ao fita-lo com profundidade trazia seu infinito nulo a tona, desconstruindo a surrealidade de sua visão.
uma criança morre em algum lugar do mundo

D'entre as surrealidades pequenos flashs fotográficos lhe faziam piscar, apesar de raros lhe doiam como a eternidade de uma vida.
uma criança morre em algum lugar do mundo

Hoje tinha a ansia d'um mundo todo. Hoje é o dia de sua execução, só hoje.
uma criança morre em algum lugar do mundo

Postava nu toda sua inutilidade, se via como tal frente a Ele. Coisa tão impossivel. Eu. Ele.
uma criança morre em algum lugar do mundo

Era o desafio de sua existencia, fita-lo eternamenta. Surrealisticamente fita-lo em seu mundo real.
uma criança morre em algum lugar do mundo

Tinha fome de verdade. Tinha surrealmente fome de tudo mais. Tinha fome de paz.
uma criança morre em algum lugar do mundo

Desviou o olhar em submissão. Fe-lo sem opção, tomado de uma racionalidade furtiva. Estava mudo, cego; surdo.
nasce uma criança em algum lugar do mundo

1 comment:

Victor Meira said...

Acho saturado o recurso repetitivo. Acho incômodo, perturba a leitura, empobrece o contexto, se rebaixa (não crendo em seu próprio poder de singularidade), e deixa pesado o conteúdo da apreensão estética.

Aí parei na terceira ou quarta leitura, quando a janela se abriu: na leitura, evitava sequer ler as linhas repetentes. Será que ignorava por seu recurso de repetição ou por seu conteúdo em si? A reflexão latejou. Evitamos a verdade vulgar do mundo, por mais que ela nos estoure na cara.

O recurso foi muito inteligente. Bacana, Túlio, coisa boa. Achei difícil de ingerir, exatamente por causa do recurso. Mas é inteligente, e exigiu mais contemplação que o usual.

Ótimo!
Muito bacana.